Autorretrato O’Neill (Alexandre), moreno português, cabelo asa de corvo; da angústia da cara, nariguete que sobrepuja de través a ferida desdenhosa e não cicatrizada. Se a visagem de tal sujeito é o que vês (omita-se o olho triste e a testa iluminada) o retrato moral também tem os seus quês (aqui, uma pequena frase censurada…) No amor? No amor crê (ou não fosse ele O’Neill!) e tem a veleidade de o saber fazer (pois amor não há feito) das maneiras mil que são a semovente estátua do prazer. Mas sofre de ternura, bebe de mais e ri-se do que neste soneto sobre si mesmo disse… Alexandre O’Neill, durante os primeiros anos da sua atividade criativa, no período da sua adesão ao Surrealismo, também se dedicou às artes plásticas. “A Linguagem”, pintura/colagem da autoria de Alexandre O’Neill, 1948